Início » Quantos por cento do oceano já foi explorado?

Quantos por cento do oceano já foi explorado?

As tecnologias de exploração do oceano já percorreram um longo caminho. Flutuadores e derivadores, dispositivos que dependem das correntes oceânicas para carregá-los enquanto coletam dados, foram complementados nos últimos anos por uma frota cada vez mais sofisticada de veículos subaquáticos. Isso pode incluir veículos ocupados por humanos (HOVs), os operados remotamente (ROVs) e os autônomos e híbridos.

Quanto dos oceanos já foi explorado?

A oceanografia ainda é um campo relativamente jovem da ciência, tendo início no final do século XIX e se modernizando, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial. Por esse motivo, além dos altos custos envolvidos nas expedições oceanográficas, ainda conhecemos pouco do que habita os mares do planeta. Você sabe o quanto dos oceanos da Terra já foi explorado?

  • O que tem no fundo do mar?
  • Afinal, conhecemos mais da Lua ou do fundo do oceano?

Estima-se que 80% do fundo do oceano ainda seja desconhecido. Porém, mesmo os 20% do que já foi explorado abrigam uma enorme quantidade de seres vivos, feições geológicas, recursos naturais e até vestígios das próprias viagens da humanidade através dos mares e oceanos.

Esta exploração reúne diversos campos da ciência e pode ser feita não somente em campo — debaixo d’água, de fato —, como também a partir de satélites, instrumentos que hoje fornecem informações valiosas sobre o que pode estar abaixo do nível do mar.

Continua após a publicidade

Como é feita a exploração dos oceanos?

É possível relacionar a oceanografia a períodos milênios atrás, a partir do momento em que os primeiros humanos subiram em embarcações para explorar regiões litorâneas. Como ciência, porém, este campo aparece na década de 1870, quando o navio britânico HMS Challenger iniciou sua expedição de quatro anos com o objetivo de investigar diferentes características dos oceanos ao redor do mundo.

Entre 1872 e 1876, a tripulação a bordo do HMS Challenger identificou mais de 4.500 novas espécies marinhas, além de medir a profundidade e colher amostras do solo no fundo do oceano em centenas de localidades.

Continua após a publicidade

Décadas mais tarde, após a Segunda Guerra Mundial, o advento dos sonares e o desenvolvimento dos submarinos revolucionou a oceanografia, permitindo novas descobertas. Hoje, veículos operados remotamente — e até completamente autônomos — conseguem mapear altas profundidades e coletar amostras de água, rochas e solo no fundo dos mares.

Como o oceano cobre 71% da superfície terrestre e chega a quase 11.000 metros em seu ponto mais profundo, explorá-lo detalhadamente exige muito investimento. Para conseguir informações mais gerais a respeito do relevo, hoje satélites equipados com radar também podem mapear o leito oceânico. O nível de detalhe fornecido por eles, porém, é menor do que um navio ou submarino podem oferecer.

O que há no fundo do mar?

Continua após a publicidade

O fundo dos oceanos pode revelar detalhes das mais diversas épocas da história do planeta. Cientistas estudam fontes hidrotermais — locais onde o magma do manto terrestre esquenta a água a altas temperaturas — para descobrir pistas sobre o surgimento da vida na Terra, por exemplo. Fósseis de animais marinhos pré-históricos, como o megalodon, também residem nas profundezas.

A humanidade também pode encontrar vestígios de seu próprio passado no fundo do oceano. Civilizações antigas, como a grega, possuem cidades submersas, com ruínas que datam até 5.000 anos. É o caso de Pavlopetri, o sítio arqueológico submarino mais antigo de que se tem conhecimento.

Podemos também, é claro, estudar o momento atual do planeta. Como o oceano tem um papel importante na regulação do clima da Terra, estudos sobre ele têm revelado tendências em relação ao aquecimento global e as consequências das emissões humanas de gases de efeito estufa.

Continua após a publicidade

Animais que vivem no fundo do oceano

Quando se diz respeito às mais de 200.000 espécies animais que habitam os mares e oceanos, podemos agrupá-las de acordo com as zonas de profundidade em que elas estão presentes.

Continua após a publicidade

Os ambientes marinhos estão divididos nas seguintes classificações em relação à profundidade:

  • Zona eufótica (até 200 metros): região que a luz solar é capaz de iluminar. Ela abriga pequenos peixes, o zooplâncton, tubarões, águas-vivas e tartarugas marinhas, por exemplo.
  • Zona disfótica (entre 200 e 1.000 metros): região com apenas 1% de penetração da luz solar. Não há mais fotossíntese acontecendo. Grandes peixes, como o atum e o peixe-espada, além de alguns tubarões, baleias, polvos e lulas habitam esta faixa.
  • Zona afótica (de 1.000 a 4.000 metros): com ausência total de luz solar, esta região abriga peixes bioluminescentes, certas espécies de baleias e invertebrados como moluscos e crustáceos.
  • Zona abissal (de 4.000 a 6.000 metros): a ausência de luz e a enorme pressão exercida pela água torna as condições de vida extremamente limitantes nesta zona. Certas espécies de águas-vivas e peixes, como o peixe tripé, estão aqui.
  • Zona hadal (de 6.000 a 11.000 metros): esta zona com as condições mais extremas do oceano é lar de seres como os peixes granadeiros, o peixe-pérola e certas espécies de enguias.

Por que grande parte do oceano permanece inexplorado?

Cientistas fotografaram com sucesso um buraco negro, pousaram rovers em Marte e enviaram espaçonaves para o lado escuro da lua. No entanto, uma das últimas fronteiras desconhecidas e uma das mais enganosamente familiares – está em nosso próprio planeta.

Davi Moura

4 min

Um dos maiores desafios da exploração do oceano se resume à física. O Dr. Gene Carl Feldman, oceanógrafo do Goddard Space Flight Center da NASA, explica que o oceano, em grandes profundidades, é caracterizado por visibilidade zero, temperaturas extremamente frias e enormes quantidades de pressão.

De certa forma, é muito mais fácil enviar as pessoas para o espaço do que enviar as pessoas para o fundo do oceano, disse Feldman à Oceana. As intensas pressões no fundo do oceano tornam um ambiente extremamente difícil de explorar.

Embora você não perceba, a pressão do ar empurrando para baixo em seu corpo ao nível do mar é de cerca de 15 libras por polegada quadrada. Se você fosse para o espaço, acima da atmosfera da Terra, a pressão cairia para zero. No entanto, se você mergulhar ou pegar uma carona em um veículo subaquático, essas forças começarão a se acumular conforme você desce.

Em um mergulho no fundo do MarianaTrench, que tem quase 11 quilômetros de profundidade, você está falando sobre mais de 1.000 vezes mais pressão do que na superfície”, disse Feldman. Isso é o equivalente ao peso de 50 jatos jumbo pressionando seu corpo.

Claro, os submersíveis ocupados por humanos não são a única maneira de explorar e estudar o oceano. Podemos até aprender algumas lições do espaço. Feldman é especialista em tecnologias de satélite que registram a cor do oceano como um meio de medir a distribuição e abundância do fitoplâncton, que pode mudar rapidamente e até dobrar em um dia.

Muitas vezes somos informados de que sabemos mais sobre a superfície de Marte / Lua / Vênus do que as profundezas do oceano, e que 95 por cento do oceano está “inexplorado”. Isso é um ótimo meme, e há um bom infográfico nas redes sociais para ilustrá-lo: pic.twitter.com/HW0YnedN65

— Davi Moura (@DaviMoura__) January 16, 2021

Quando essas tecnologias foram usadas pela primeira vez no final dos anos 70, os satélites eram capazes de capturar imagens detalhadas do oceano em minutos, enquanto um navio levaria 10 anos de amostragem contínua para coletar o mesmo número de medições, de acordo com Feldman. Dito isso, algumas coisas são melhor medidas na água – por mais difícil que seja chegar lá.

As tecnologias de exploração do oceano já percorreram um longo caminho. Flutuadores e derivadores, dispositivos que dependem das correntes oceânicas para carregá-los enquanto coletam dados, foram complementados nos últimos anos por uma frota cada vez mais sofisticada de veículos subaquáticos. Isso pode incluir veículos ocupados por humanos (HOVs), os operados remotamente (ROVs) e os autônomos e híbridos.

Você pode se interessar por: “Estudo mostra que a mudança climática é prejudicial às abelhas”

Segundo um estudo americano de 2001, seria possível mapear a totalidade do fundo do mar além dos 500 metros de profundidade com um único navio oceanográfico trabalhando durante 200 anos. “Com 40 embarcações, levaria 5 anos”, disse Walter Smith, geofísico da Agência Americana Oceânica e Atmosférica (NOAA), ao estimar o custo da operação entre 2 e 3 bilhões de dólares. “Pode parecer muito, mas é menos do que a Nasa prevê gastar em sua futura missão de exploração de Europa, a misteriosa lua de Júpiter”, afirmou o cientista.

Categorias FAQ

Deixe um comentário